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LEIA O CORDEL DE EVALDO COM EXCLUSIVIDADE

TÍTULO: DOIS ALCOÓLATRAS CONVICTOS
Autor: Antonio Evaldo Wanderley Rocha
APRESENTAÇÃO
O leitor terá a oportunidade de ler mais um trabalho literário do estudante Antonio Evaldo Wanderley Rocha. Seu primeiro cordel foi “Homenagem ao pai”, cujo conteúdo é o relato da história da bravura do velho José Severino da Rocha (pai) que nada temia e por isso enfrentou de uma só vez seis homens que zombavam dele pelo fato de ser mudo.
“Dois alcoólatras convictos” relata a história de “Bafo de Cachaça” e “Suor de Cana”, João e Pedro, respectivamente. Ganharam estes apelidos pela razão de viverem “fora do ar” constantemente e arrotarem a “malvada” a todo instante.
O texto é de fácil compreensão e termina com a trajetória final dos protagonistas da história e uma lição moral acerca do uso abusivo do álcool.

Francisco Xavier Gondim - Professor de Língua Portuguesa da Escola Estadual “José Calazans Freire”.
Caro leitor nordestino
É grande a satisfação
Que embrulha o intestino
Solta no peito o coração.

Enche a barriga de alegria
Caem as lágrimas de emoção
Por que vou contar a história
Dos cabras lá do sertão.

Feios pela genética
Medrosos de natureza
Alcoólatras por faltar ética
Discípulos da pobreza.

João “Bafo de Cachaça”
E Pedro “Suor de Cana”
Viviam na desgraça
Da sociedade mundana.

Me bate um calafrio
Ao falar destes “malditos”
Pois escapei por um fio
Do causo aqui descrito.

Bafo de Cachaça fazia
De tudo pra beber
Até as cuecas vendia
Preste atenção, vou dizer.

Que do suor de cana
Também não posso esquecer
Faltando ficava de cama
Chorando feito um bebê.

Vou falar num instante
Que João até parecia
Um alambique ambulante
Escute o que ele fazia.

Arrotava cachaça enlatada
Isto ninguém merecia
Bufava cana engarrafada
Maldito o ar poluía.

O desgraçado do Pedro
Não ficava para trás
Chegava botava medo
Pois ele era capaz.

Suava pura caninha
Um odor de satanás
Pitu em forma de gotinha
Mijava aquele rapaz.

Quando passavam na rua
Causavam muita aflição
Ninguém riscava fósforo
O cigarro aceso na mão.

Amassavam depois engoliam
Com medo de uma explosão
Temidos mais que Bin Laden
Viva, viva o Afeganistão!

Bafo e suor de cana
Eram pobres de lascar
Não tinham nenhum real
Bebiam sem nada pagar.

Passavam o dia bebendo
A noite lá no “Spar”
Vendo o sol nascer quadrado
Com uma ressaca de matar.

Certo dia da semana
Na churrascaria Encanto
Bebia cerveja e cana
Também nunca foi santo.

Quando chegaram o dois
Pedindo uma ao gerente
Que disse: voltem depois
Daqui sete anos pra frente.

Saíram tão perturbados
Sem ter o que tomar
Como “Teixeira do Rádio”
E ouvindo “Amado” cantar.

Então João olhou para Pedro
Dizendo vamos agora apelar
Um cochichando para o outro
Nada mais pude escutar.

Saí correndo apertado
Imprensando o cabeção
Deixei os dois pares sentados
Pedro a falar com João.

Nós vamos é pra cadeia
Esse assalto não dá certo
Calma, que tenho uma idéia
Calma, que o plano é perfeito.

João, não temos nada
Nem armas e nem capuz
Já me sinto na cela apertada
Comendo só mortadela e cuscuz.

Pedro, faça o que digo
Deixe de aperreio, abestado!
Pois tenho aqui comigo
Um par de trinta e oito zerado.

Ora João não esconda, me diga
Desde quando anda armado
Não tens um centavo pra pinga
De onde roubou os zerados?

Isto não lhe interessa
Você quer ou não quer beber?
“Havia”, que estou com pressa
Se eu não beber vou morrer.

Pedro, vai lá pra fora
Que eu vou a luz apagar
Eu grito quando for hora
Pra janela tu pular.

Com essa lanterna na mão
Tu vai entrar e acender
Na cara do gerente bufão
Que não irá nos reconhecer.

Enquanto isto eu estava
Relaxando no banheiro
Sem fila, sem pressa ficava
Toda a cerveja do joelho.

Mas o desgraçado do João
Apagou foi a chave geral
E eu naquela escuridão
Já tava passando mal.

Foi quando então começou
Ouvi um grito lá de fora
Isto é um assalto, doutor
Passe tudo e sem demora.

E eu que fui ao banheiro
A fim então de mijar
O medo é tão traiçoeiro
Que a necessidade vem já.

Quando pensei em tirar
Já não havia mais tempo
Pois a minha roupa
Estava repleta de excremento.

E eu já encabulado
Barruei no zelador
Lembrei do meu estado
Saí correndo pelo corredor.

Abri a porta errada
Fui parar lá no porão
Desci rolando na escada
E meti a cara no chão.

Estava eu desmaiado
E o assalto corria à tona
João muito bem armado
Gritava passe a cana!

Cana! Vamos roubar é cachaça?
Pensei que fosse dinheiro
Já estava vendo até Graça
Comigo lá no estrangeiro.

Graça é quenga e não presta
Pegue logo esta pitu
Coloque dez litros na cueca
E corre pra Baixa de Tatu.

Estás confundindo, amigão
Eu nem sou deputado
Nem sei o que é mensalão
Tu estás é precipitado.

Olha, o cuecão não é meu
E vou logo lhe avisando
Nunca vi dólar, amigo meu
Por que estás me acusando?

Largue de ser burro, jumento
Deixe de falar besteira
E pare de tremer um momento
Sente aqui nesta cadeira.

De tanto tu resmungar
Estou é ficando rouco
Você não pára de suar
Eu vou já é ficar louco!

Coloque logo a cachaça
Em cima deste balcão
Levante e pegue a caixa
Leve a lanterna na mão.

Porque se ele se mexer
O mando lá pro inferno
Vais visitar pode crer
Lampião, o “eterno”.

De onde João tirou, rapaz
Tanta coragem assim?
Está se mostrando capaz
Um cara mau, muito ruim.

Mas foi por pouco tempo
O gerente começou a falar
Esta catinga eu me lembro
Este fedor de matar.

Está generalizado
Já sei, é Pedro e João
Ah! malditos desgraçados
Quase me matam do coração.

João tremia, coitado
E Pedro afoito gritou
Atire neste safado
Em mim não – o zelador.

Que acendeu uma lanterna
Bem na cara de João
Poderia atirar-lhe na perna
Mas riu com a situação.

João estava parado
Acredite se quiser
Ele nem estava armado
Chorava feito mulher.

Pois os três oitões zerados
Eram duas havaianas
De número 38 e roubado
De sua irmã, dona Ana.

Nesta hora Pedro e João
Meteram o pé na carreira
Naquela grande escuridão
O que foi de mesa e cadeira.

Foram parar lá na rua
Os dois levaram no peito
E no clarão da rua
O gerente virou prefeito.

Chamou logo a polícia
E disse: cana neles
Não quero ver malícia
Corte a alimentação deles.

Cana, sim! Quero muito
Cinco litros só pra mim
João, jamais seremos defuntos
Vamos beber até que enfim.

Pedro cale essa boca
Você só fala besteira
Tu tens é a cabeça oca
Nós vamos é pra cadeia.

E eu acordei no hospital
Só soube porque me contaram
E desde que passei mal
Nem bebi quando pagaram.

Acredita se eu lhe disser
Que tudo que me aconteceu
Foi praga da minha mulher
Desde que ele morreu.

Nada mais aconteceu
Também não vi Pedro e João
Só soube que viajaram
Após saírem da prisão.

Caro amigo meu e leitor
Escutem com atenção
O álcool em excesso é causador
De dependência química, irmão.

Por isso escute o que digo
Beba com moderação
E viva bem, meu amigo
Com paz e amor no coração.
Antonio Evaldo da Rocha é filho de José Severino da Rocha e Luzia Lúcia Leal. É Natural de Campo Grande, tendo nascido no dia 24 de fevereiro de 1980. Concluiu o Ensino Médio pela Escola Estadual “José Calazans Freire”, em Upanema -RN e pretende prosseguir nos estudos e cursar a faculdade de Letras. É desportista defendendo o gol.
Esta faz parte das muitas histórias que ele conhece. E não parará por aqui. Avante, Evaldo!
FICHA:
TÍTULO: Dois alcoólatras convictos
AUTOR: Antonio Evaldo Wanderley Rocha
TEMA: uso abusivo de bebidas alcoólicas
DATAS: Composição dos versos: 2005. Publicação: 2006
EDITOR: Jornal de Upanema
COORDENAÇÃO DO PROJETO: Antonio Eudes B. e Silva Júnior
ESTROFES: 60
TIRAGEM: 500 exemplares.
REVISÃO E APRESENTAÇÃO: Francisco Xavier Gondim.
APOIOS:
SECRETÁRIO GILVANDRO FERNANDES
UPANEMA.BLOGSPOT.COM
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