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O FUNDADOR DA VILA DO UPANEMA

sexta-feira, setembro 15, 2006

O Padre Francisco Adelino de Brito Dantas nasceu em Campo Grande (Augusto Severo), em 1825, segundo uns e 1828, segundo outros. Ordenou-se sacerdote em 1851. Veio a falecer na Vila do Triunfo, o segundo nome de Campo Grande, a 18 de agosto de 1883.
Se houvesse neste mundo homem falado e famoso em Campo Grande seria tanto quanto o padre Adelino. Tinha força hercúlea, montava como uma Marialva. Raramente, usava estribo. Saltava na sela. Para descer, era um pulo. Ágil como um Maracajá, contavam façanhas incríveis de suas habilidades. Mas não era essa a sua atividade normal. Latinista de escol ensinou no Recife, deixando nomeada. O conselheiro João Alfredo o fez capelão em Fernando de Noronha. Padre Adelino, saudoso das águas frescas do seu sertão, tanto rebuscou a ilha que deparou uma nascente. Com vários sentenciados, ele mesmo, de enxadão no punho e chapéu de palha de carnaúba, cavou, fez paredes e doou aos sedentos a melhor água da ilha presidiária. Água de excelente sabor informa Mario Melo que a saboreou (“Arquipélago de Fernando de Noronha”, p. 10). Olavo Dantas da um depoimento entusiástico: -Essa cacimba fornece a melhor água da ilha (“Sob o céu dos Trópicos”, p. 62). Chamam-na a Cacimba do padre. Quando vivia em Campo Grande, foi Capelão dedicado. Em 1867, rodeado de amigos, decidiu fundar a povoação de Conceição do Panema, a trinta quilômetros da cidade-sede. Erigiu a capela. Cantou a missa. A povoação cresceu, vingou, desdobrou-se. É a vila do Upanema. Tem Escolas Reunidas (“Comandante Veras”), correio e constitui núcleo de população densa.
Não é uma tradição oral.o Mons. Francisco Severiano informa, no seu “Diocese da Parahyba” (p. 112-13): -“Esta povoação (povoação da Rua da Palha ou Panema) teve princípio em 1867, pó iniciativa do ver. Padre Francisco Adelino de Brito Dantas, natural do mesmo Estado, ordenado presbítero a 23 de maio de 1851 e falecido em 1893”.
O padre Adelino era filho do tenente Félix José Dantas, casado com sua sobrinha Francisca Xavier de Lira, e enviuvando, convolou novas núpcias com outra sobrinha. Dona Maria Honorata, viúva do Dr. João Valentino Dantas Pinagé, e irmão do Barão do Açu.
O padre Adelino é do primeiro matrimonio. Sua família, enorme e tradicionalíssima nos municípios vizinhos está cheia de episódios curiosos, merecedores de divulgação e fama.
Há dias, examinando o mapa do distrito de Upanema, verifiquei que o padre Adelino, fundador da Vila, não tem seu nome em parte alguma. Sacerdote, professor de latim, orador, foi preterido do apadrinhamento das Escolas Reunidas, pelo comandante Veras, homem digno e prestigioso, mas figura de realce político, égide do Partido Liberal. Nem mesmo uma praça se honra com o nome de quem determinou aquela vila, reuniu aquele povo, construiu a capela e deu a primeira benção, sob o céu maravilhoso.Não se diga que aos meus patrícios de Augusto Severo falta memória. Sua Santidade Pio XII tem uma praça, ao redor da igreja, com seu nome venerando. Faço o meu apelo ao Sr. Prefeito Municipal de Augusto Severo para que salde uma parte da dívida, dando o nome do padre Adelino a uma praça bonita em Upanema. A Praça do Fundador. Já é um titulo que dispensa justificação. Sem ele, o santo padre não teria a praça. Nem haveria tema para que escrevesse eu essa solicitação ao moço Prefeito do velho município ilustre...
FONTE: Luis da Câmara Cascudo

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